Monitorização laboratorial da anticoagulação oral(RNI)

Na década de 80, visando diminuir os problemas causados pela variabilidade analítica na sensibilidade dos reagentes e estabelecer uma padronização do TP (tempo de protrombina) no controle do uso de anticoagulante oral, foi desenvolvido e instituído pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em colaboração com o Comitê Internacional de Trombose e Hemostasia (ICTH) e a Comissão Internacional de Padronização em Hematologia ICPH), o emprego do RNI (Internacional Normalized Ratio).

Atualmente, este parâmetro é utilizado mundialmente pela maioria dos laboratórios que monitoram a anticoagulação oral. O controle laboratorial da anticoagulação oral é um dos responsáveis pelo sucesso e segurança deste procedimento terapêutico. O Tempo de Protrombina e o RNI tem sido utilizado como teste de escolha na monitorização terapêutica com os anticoagulantes orais (Varfarina, Coumadin, Marevan, Marcoumar, Pradaxa, Clexane, fraxiparina).

A terapêutica da anticoagulação compreende:

– A heparina é o medicamento de escolha no tratamento da fase aguda das doenças tromboembólicas. Concomitantemente ao uso da heparina é iniciada a terapêutica com anticoagulante oral (varfarina).
– A monitorização da anticoagulação oral deve ser feita diariamente através do Tempo de Protrombina, até que o RNI tenha atingido o intervalo terapêutico ideal para a condição clínica entre 2,0 e 3,0, e se mantenha estável por pelo menos 24 horas.
– A maioria dos protocolos do uso dos anticoagulantes orais estabelece que estes devem ser administrados em torno das 18:00h, e o sangue para a realização do TP deve ser colhido até as 10:00 da manhã seguinte. Esta conduta permite a completa absorção do medicamento, padronização dos horários de tomada e coleta do exame, e afasta a possibilidade de variações nos resultados causados por estes dois fatores.

O uso do RNI no controle da anticoagulação oral apresenta as seguintes vantagens:

– Permite uma melhor padronização, maior reprodutibilidade e menor variação interlaboratorial do TP em relação ao resultado expresso em segundos.
– Permite que o clínico controle a anticoagulação oral baseado no intervalo terapêutico ideal do RNI indicado pela condição clínica do paciente de maneira mais eficaz, reduzindo os possíveis efeitos colaterais da super ou subdosagem, ajustando a dose sempre que necessário.
– Redução de custos para o paciente, pela diminuição dos efeitos colaterais e diminuição no número de solicitações do procedimento.

Na maioria das situações clínicas, o intervalo terapêutico recomendado para o RNI é entre 2.0 a 3.0. A recorrência de efeitos trombóticos é mais freqüente em paciente quando o RNI é mantido abaixo de 2.0. O risco de sangramento está aumentado nos seguintes casos: nos primeiros três meses do início da terapêutica, em pacientes com idade superior a 70 anos e quando o RNI é maior do que 4.5. A duração da terapêutica depende da avaliação do risco de sangramento e do risco de recorrência de trombose.

– Pacientes com fatores de riscos transitórios, com TVP (trombose venosa profunda) de panturrilha ou desencadeada por doença clínica limitante, devem ser mantidos em terapêutica anticoagulante por 6 semanas a 3 meses ou até que o fator desencadeante tenha sido solucionado.
– Pacientes que desenvolvem TVP na ausência de fatores de riscos idiopáticos e que apresentam alto risco para recorrência se o anticoagulante for retirado, devem ser tratados por no mínimo 6 meses.
– Indivíduos jovens com tromboembolismo venoso devem ser tratados por 2 anos.
– A indicação de terapêutica de longa duração é indicada para pacientes com: TVP recorrente, portadores de fatores de riscos genéticos (fator V de Leiden) e adquiridos (presença de anticorpos antifosfolípides), pacientes com válvulas cardíacas, próteses mecânicas e na fibrilação atrial desenvolvida durante uma cirurgia

Dr Anibal Machado
Departamento de Hematologia – LHA

Fontes:

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TRIPODI A, MANNUCCI PM. (2001) Laboratory investigation of thrombophilia. Clinical Chemistry 47:1597-606.

*Este material tem caráter meramente informativo. Não deve ser utilizado para realizar autodiagnóstico ou automedicação. Em caso de dúvidas, consulte seu médico.

Fonte: http://www.humbertoabrao.com.br

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